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Resenha | Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo - Benjamin Alire Sáenz

18:30Henrique Machado

FICHA TÉCNICA

Nome: Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo
Autor: Benjamin Alire Sáenz
Páginas: 392
Gênero: Romance | Jovem-adulto
Ano: 2014
Editora: Seguinte
Sinopse: Dante sabe nadar. Ari não. Dante é articulado e confiante. Ari tem dificuldade com as palavras e duvida de si mesmo. Dante é apaixonado por poesia e arte. Ari se perde em pensamentos sobre seu irmão mais velho, que está na prisão.
Um garoto como Dante, com um jeito tão único de ver o mundo, deveria ser a última pessoa capaz de romper as barreiras que Ari construiu em volta de si. Mas quando os dois se conhecem, logo surge uma forte ligação. Eles compartilham livros, pensamentos, sonhos, risadas - e começam a redefinir seus próprios mundos. Assim, descobrem que o amor e a amizade talvez sejam a chave para desvendar os segredos do Universo.

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A primeira vez em que ouvi falar da obra foi em uma roda de amigos. Logo de primeira, pelo título, pensei que se tratava de uma narrativa filosófica que abordaria questões da vida. Agora, após ter finalizado a leitura, descobri que é muito mais do que isso.

Aristóteles e Dante Descobrem os Segredo dos Universo, escrito pelo americano Benjamin Alire Sáenz, trata-se de uma narrativa romântica, repleta de reflexões sobre a vida, o amor, a amizade e as escolhas que fazemos. O melhor de tudo é que a abordagem é feita a partir do ponto de vista de um jovem mexicano, introspectivo, que guarda quase todos os seus pensamentos para si mesmo.

A história gira em torno da amizade de dois garotos, que ironicamente possuem nomes de personalidades famosas na história. Aristóteles, ou Ari, narra sua própria história de redescoberta. Está sempre preso em seu mundo, repleto de pensamentos e reflexões sobre tudo aquilo que o cerca. Já Dante, é um jovem confiante, amante de arte e poesia, que desafiando todas as estatísticas, consegue passar pelas muralhas que Ari criara em torno de si.

A amizade dos dois é questionada por Ari durante toda a obra. Se por um lado ele ficava feliz pela presença de Dante, por outro ele não sabia o motivo de ser amigo do garoto. E em meio a tudo isso, os dois lidavam com seus próprios dilemas. Ari questionava o motivo que levava a ninguém jamais pronunciar o nome, ou qualquer coisa que tivesse relação com o irmão que estava preso, além de um pai que sofria com os traumas de uma guerra. Já Dante lidava com o fato de não ser tão mexicano quanto gostaria, e a descoberta de si mesmo.

Em inúmeros momentos, as reflexões de Ari atravessam a narrativa, e é ai que encontramos o encanto da obra. Benjamim conseguiu, com maestria e delicadeza, retratar a complexidade de uma vida na adolescência. Ele penetra as camadas mais profundas do subjetivo de um jovem, e consegue tornar belo, o que para o personagem é assustador.

De tantas as inúmeras qualidades da obra, uma delas me chamou atenção. Fui capaz de me ver em Ari. De repente, notei que eu estava me projetando na imagem daquele garoto, que tentava compreender o mundo que estava ao seu redor, mas também dentro de si. Nos momentos que ele se irritava, eu me irritava também. Quando ele sorria, eu também sorria. E quando ele chorava, eu também chorava. Era como se eu me visse destrinchado em palavras. Ari vivenciava seu ecótono, e de certa forma eu fui capaz de sentir e experimentar suas incertezas e certezas. Seus medos e aflições. Suas dores e suas alegrias.

Aristóteles e Dante Descobrem os Segredos do Universo, supera os clichês dos romances juvenis, colocando em questão a complexidade e a riqueza do vivenciar adolescente. É encantador, poético, filosófico e belo. Definitivamente uma das melhores histórias de amor com que já me deparei.

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