featured livros

Resenha | Gone - Michael Grant

20:30Henrique Machado

FICHA TÉCNICA 

Nome: Gone - O Mundo Termina Aqui
Autor: Michael Grant
Páginas: 518
Gênero: Ficção Científica | Literatura Estrangeira
Ano: 2010
Editora: Galera Record
Sinopse: Em um piscar de olhos, todos com mais de 14 anos desaparecem. Restam adolescentes. Pré-adolescentes. Crianças. Nenhum adulto. Nenhum professor, policial, médico ou responsável. Linhas de telefone, redes de televisão e a internet param de funcionar. Não há como pedir ajuda. A fome é intimidante e a violência começa. Os animais parecem estar se transformando, e uma criatura sinistra está à espreita. Os próprios adolescentes estão ficando diferentes, desenvolvendo novos talentos: poderes inimagináveis, perigosos e mortais, que crescem dia após dia. É um mundo novo e assustador. É preciso escolher um lado — e a guerra é inevitável.


_________________________________________________________________________________


Tudo parecia normal, até que às 10h18min, todos aqueles com mais de 14 anos desapareceram. Não foram abduzidos, não foram vaporizados. Eles simplesmente desapareceram. Em um minuto estavam todos ali, e no outro já não estavam mais. Seria o fim do mundo? Seria o momento do arrebatamento? Mas por que só os menores de 14 anos foram deixados? Onde estariam seus pais? O que aconteceria dali para frente?

Em Gone, o primeiro livro da saga distópica escrita por Michael Grant, Sam Temple e seus amigos, antigos e novos, deverão descobrir o que está acontecendo na pequena cidade de Praia Perdida. Juntos terão que lidar com uma população assustada, que depende de um líder para guiá-los, além de gerir tudo aquilo que era responsabilidade dos mais velhos. E como se não bastasse, perigos inimagináveis começam a surgir. Uma força terrível se esconde no interior de uma mina, e alguns segredos começam a serem desmascarados.

O caos 


E se de repente todas as responsabilidades adultas caíssem nos ombros de crianças de no máximo 14 anos de idade? O que aconteceria com uma cidade gerida por jovens confusos com tudo o que está acontecendo? A resposta é caos!

Michael Grant, em sua ficção sobrenatural e distópica, nos mostra uma outra interpretação das crianças, que já não são mais tão ingênuas. No primeiro de seis livros da saga, vemos como a ausência de adultos pode, e vai, alterar a percepção que temos das crianças, como ingênuas e irresponsáveis. Em algumas há a presença de liderança nata, em outras o passado conturbado ajuda a despertar um desejo incontrolável por poder, em outras a personalidade de um psicopata sádico que se diverte com o sofrimento alheio desperta, e pode representar um dos grandes perigos.

Como se não bastasse, as crianças precisam lidar com estranhos acontecimentos na região. Animais começam a sofrer mutações rapidamente, assim como os humanos. “Habilidades especiais” começam a aparecer, o que pode ser um presságio para uma grande batalha.

É genial a forma como Michael desenvolveu suas personagens ao longo da história. Ao mesmo tempo em que os pequenos adultos lutam para sobreviver à essa nova realidade, a grande maioria não se esquece de que são de fato crianças e adolescentes, sozinhos e carregando o peso de um mundo. A maneira como Grant permite que suas personagens se mantenham verdadeiros a quem são, é um dos principais elementos que me mantiveram presos à trama.

Sam Temple e o protagonismo indesejado


Sam é um jovem quase normal, que passa despercebido em sua escola na região de Praia Perdida, ou FAYZ (como foi chamado após o sumiço de todos maiores de 14 anos). Quando mais jovem conseguiu manobrar um ônibus desgovernado, após o motorista sofrer um ataque cardíaco, salvando, assim, seus colegas. Mas desde esse acontecimento Sam voltou a ser despercebido, justamente por sempre se manter na sua.

Como grande parte dos jovens habitantes da cidade, ele guarda um segrego que poderia mudar tudo o que pensam sobre ele. O grande herói poderia se tornar uma aberração, e mais que isso, um vilão.

Um dos pontos mais interessantes sobre o personagem, é o que eu chamo de protagonismo indesejado. Sam é um daqueles que tem a liderança encrustada em sua essência, mas ainda assim, desejava que as coisas fossem diferentes. Ele nunca quis ser o herói de nada, tampouco gostava de ter que ser aquele a tomar frente às situações de perigo, mas ainda assim o faz.

Se algo me fez criar tamanho interesse pelo personagem, foi justamente a sua personalidade frágil, mas também cativante. Mesmo que não admitisse, ele no fundo, sabia que ele era aquele que a cidade precisava para ter esperanças, e para passar por esse momento difícil. Mas para isso ele precisa de ajuda, principalmente da garota-gênio, Astrid, que mais tarde desperta o amor do jovem. Ele não queria ser herói, mas para o bem de todos, ele precisava ser.

A grande parede, a escuridão e os gêmeos opostos 


Se você já ouviu falar em algum momento da obra Under The Dome, escrita pelo famoso Stephen King, ou assistiu à adaptação para a TV, você se lembra que a trama começa quando toda uma cidade é isolada do mundo por uma grande redoma. Redoma que impede que qualquer coisa entre, ou saia. Bom, acontece que em Gone, um elemento parecido marca presença em todo aquele caos.

Desde que tudo começou, uma grande parede se formou ao redor de Praia Perdida. Nesse primeiro livro, muito pouco nos é apresentado sobre a tal parede. Sabemos apenas que sua extensão pode ultrapassar os 60 metros de altura, e que pode, na verdade, se tratar de uma grande esfera. Além disso, caso tocada, provoca uma espécie de queimadura na pele. O elemento pode parecer pouco original, visto que parece uma “cópia” do utilizado por S.K em sua obra, no entanto acredito que ele foi muito bem empregado para compor toda a trama. De toda forma, terei que ler os demais livros da saga para formular uma opinião mais concreta sobre esse elemento.

Como toda grande saga, o perigo sempre é maior do que aparente. Em Gone – O Mundo Termina Aqui, a Escuridão, que parece ser a grande antagonista da trama, faz uma presença muito breve, o que cria todo um suspense sobre o que ela realmente é, e qual seu papel em tudo aquilo que está acontecendo. Mas uma coisa é certa: ela não é uma vilã qualquer.

Como um grande clichê das tramas fictícias, Grant inseriu o famoso “gêmeo maligno” em sua obra. Particularmente, eu estou um pouco saturado quanto a esse elemento, contudo, admito que a presença de Clainena obra parece ser totalmente necessária.

Claine Soren, que é gêmeo mais velho de Sam Temple, foi abandonado por sua mãe, Connie Temple, e acabou em uma família adotiva. Ele foi mandado para a Academia Coates, onde, mais tarde, veio a descobrir sobre seus poderes. O gêmeo do mal assume a liderança de FAYZ (LGAR no Brasil), e mais tarde se prova um jovem corrompido, que demonstra ser inteiramente capaz de matar alguém. E quando descobre sobre seu irmão, acredita que vencê-lo é uma forma de vencer o sumiço eminente, já que seus 15 anos se aproximavam, e ele era 3 minutos mais velho que Sam. O personagem é um dos principais responsáveis pelo crescimento de Sam, e o perigo que oferece, a forma do herói desenvolver seus poderes. Além de ser extremamente interesse ver a capacidade de um jovem de ser corrompido pelas verdades de sua família, e por sua sede de poder e controle.

Conclusões finais


Eu poderia falar muito mais sobre o livro, mas acredito que seria mais divertido para você descobrir ao ler a obra. Ainda assim posso adiantar que a obra conta com outras inúmeras personagens incríveis, que optei por deixar de fora dessa análise, justamente para manter o suspense. De algum deles acredito que posso esperar grandes feitos, e que serão fundamentais para o desenrolar da trama. Já outros, ainda não fui capaz de desenvolver uma opinião mais concreta sobre, e, portanto, irei aguardar que os próximos livros me ajudem.

Quanto a obra como um todo, não me surpreendo que tenha se tornado um best seller. Não só a história, mas a forma como é descrita, me prenderam do início ao fim, me deixando ansioso para o próximo passo das personagens. Michael Grant fez um grande trabalho com Gone, e definitivamente me deixou ansioso para os próximos livros.

Intrigante, misterioso, caótico e genial, Gone – O Mundo Termina Aqui, é o primeiro de seis livros promissores.

Veja também:

0 comentários