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Resenha | Outlander: A Viajante do Tempo - Diana Gabaldon

17:00Ayllana Ferreira

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FICHA TÉCNICA

Nome: Outlander – A Libélula No Âmbar
Autora: Diana Gabaldon
Páginas: 800
Gênero: Romance | História | Aventura
Ano: 1991
Editora: Arqueiro
Sinopse: Em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, a enfermeira Claire Randall volta para os braços do marido, com quem desfruta uma segunda lua de mel em Inverness, nas Ilhas Britânicas. Durante a viagem, ela é atraída para um antigo círculo de pedras, no qual testemunha rituais misteriosos. Dias depois, quando resolve retornar ao local, algo inexplicável acontece: de repente se vê no ano de 1743, numa Escócia violenta e dominada por clãs guerreiros.

Tão logo percebe que foi arrastada para o passado por forças que não compreende, Claire precisa enfrentar intrigas e perigos que podem ameaçar a sua vida e partir o seu coração. Ao conhecer Jamie, um jovem guerreiro escocês, sente-se cada vez mais dividida entre a fidelidade ao marido e o desejo. Será ela capaz de resistir a uma paixão arrebatadora e regressar ao presente?




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“Meus braços o envolviam, acariciando as cicatrizes enrijecidas de suas costas. – Eu mesmo posso suportar a dor – disse ele suavemente – , mas não aguentaria vê-la sofrer. Está acima das minhas forças. “

Quando criança, sempre ouvi de meus familiares e alguns coleguinhas de escola que ler era chato. Eu nunca entendi. Tornei-me uma amante literária na segunda série do fundamental, quando minha mãe me presenteou com um livro chamado Judy Mood, e sem ver, não conseguia fazer nada mais além de ler. A partir daí, eu comecei a trocar ovos de páscoa por livros, presentes de natal por livros, e quando vi, já tinha uma coleção relativamente grande de histórias.

Eu não acredito que possam existir pessoas que não gostam de ler. Elas dizem não gostar, mas acredito que não se aventuraram em todos os estilos literários para dizer algo tão certo e sem questionamentos. As pessoas não gostam de ler porque não encontraram os seus estilos ideais, e baseiam suas opiniões em obras que não foram suficientemente atrativas para conquista-las. Acredito também que outra parte da população diz que não gosta porque os clássicos do colegial foram suficientes para traumatiza-las, e inibir quaisquer desejos ou atração por este universo mágico.

Algum tempo atrás, depois de anos acreditando que o terror era meu estilo favorito, descobri a minha verdade por meio dos romances de época. Histórias assim me fascinam e excitam, fazendo com que me recorde os reais motivos que me fizeram a eleger o hábito de ler como um dos melhores . Após me aventurar algumas vezes no estilo, descobri a série Outlander e decidi dar uma chance.

Quando comecei a ver a série, eu senti que a minha vida literária/ apaixonada por histórias se dividiria em dois momentos, no antes e no depois de conhecê-la. Por algumas semanas, eu não conseguia falar nada além de Outlander. Eu passava o dia sonhando acordada com o momento de chegar em casa e vê-la sem distrações. E quando terminava de assisti-la, os episódios não desciam, e eu precisava debater com alguém, mas não tinha ninguém – não sei porquê ela é tão pouco conhecida.

Eu me sentia como uma viciada. Havia perdido minha vontade própria, e estava à mercê daquela história. Eu sofri de abstinência quando a temporada atual se encerrou, e eu precisava conversar com alguém, e, novamente, não tinha ninguém. Após certa procura, descobri um grupo no face, e eu não estava mais só. Existiam pessoas que tinham os mesmos vícios, amores e pavores, e poderíamos gastar o tempo que fosse para debater de nosso amor em conjunto.

Além da abstinência, o final da segunda temporada me provocou curiosidade também, e eu precisava saber o que iria acontecer. Quando chegou no BF, comprei a maior parte dos livros já lançados de Outlander (são oito ao total), e decidi que iria descobrir o que acontecia por meio da literatura, o meu antigo amor.

De início, a leitura foi difícil. A Diana, que é a autora de Outlander, gosta de detalhes e descrições. E eu, uma leitora ansiosa, sou completamente o contrário. Gosto de engolir uma história e só depois parar para digerir.

Claire é o nome da principal, uma mulher forte, destemida e acima de seu tempo. Desde o início, a personagem sempre lutou pelos seus ideais e por aquilo que acreditava ser o certo. Com o final da Segunda Guerra Mundial (época em que ocorre o início da história), ela e seu marido Frank acreditavam que não se conheciam mais, e que a Guerra havia os transformado em pessoas diferentes daqueles em que seus parceiros haviam se apaixonados. Assim, para restaurar o fogo do casamento e redescobrir com quem se casaram, eles decidem fazer uma segunda lua de mel na Escócia.

Começando o passeio, Frank, um personagem que eu não gosto e nunca gostei, decide mostrar a sua esposa a história do local onde estão, fora alimentar o seu amor por genealogia, procurando os resquícios na história de um antigo descente seu que havia atuado naquela região. Black Jack, um fdp parente distante, havia sido capitão dos Dragões Vermelhos do Exército Britânico, um grupo de soldados honrados que defendiam as causas da coroa.

Depois de certo mimimi na série – e poucas páginas no livro, o casal descobre sobre um ritual Celta que acontecia próximo à Craigh na Du – montanhas em forma de circulo que eram como um ponto turístico. Atraídos pelo evento, o casal decide ir até lá.

O ritual foi lindo. Surpreendente. O jogo de câmeras na série e a narrativa no livro criou algo único e extremamente belo. Após presenciarem até o final, Frank fica encantado e Claire disposta a descobrir uma planta que havia visto próximo as pedras. Algum tempo depois, a heroína decide voltar ao local e pegar a tal planta que havia lhe despertado tanta curiosidade. Chegando lá, ela escuta um barulho estranho, como se as Pedras de Craigh na Dum estivessem emitindo um ruído de luta. Curiosa, ela toca na superfície, e é aí que a aventura começa.

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Claire, uma cidadã dos anos 40, havia sido transportada para a Escócia de 1700 e pouco, um período completamente  diferente do seu, tanto em costumes quanto nos hábitos das pessoas. Lá, ela encontra os moradores vivendo ainda na tradição de clãs em forma de feudos. Mas não é só isso, no fundo de toda história à Revolta de Culloden – uma batalha que seria responsável por aniquilar a tradição dos clãs na região e alterar a cultura da Escócia.
Após uma tentativa de estupro pelo descente de seu marido, idiota BJ, Claire é salva por um grupo de Montanheses. Lá ela conhece Jamie, o mocinho que todas as garotas adoram e classificam como o personagem ideal e favorito. O personagem conquista vários corações em virtude de sua personalidade indescritível. Ele é apaixonado, romântico, e disposto a fazer qualquer coisa pela sua amada.
História vai, história vem, Claire é obrigada a se casar com Jamie, e se vê presa a dois homens e dois destinos. O sólido Frank no futuro, e a paixão avassaladora pelo Escocês no passado. Mas não é só isso, ela precisa se adaptar aos costumes desse novo tempo e descobrir uma maneira de voltar para o seu primeiro marido.
Logo nas primeiras páginas do livro, eu estava me sentindo desanimada. A escrita da Diana é diferente, é uma mistura de detalhes com algo mais complexo. Não é nenhum Machado de Assis, mas é diferente dos livros adolescentes que estou acostumada a ler. E como se já não bastasse, a adaptação da série foi bastante fidedigna, havendo muitos momentos extremamente semelhantes.
Eu, como uma leitora voraz e ansiosa, não sentia vontade de ler. Após um esforço a mais e o incentivo dos membros daquele grupo que eu disse anteriormente, continuei minha batalha e a venci.
O inicio pode sim ser parado e difícil para os olhares não acostumados. Mas, com o passar dos tempos, você se prende tanto a narrativa de Diana, que a leitura se torna natural, como se ela mesma estivesse  contando uma história. O excesso de detalhes antes cansativo, faz com que você se sinta parte da história e se apaixone ainda por Jamie e Claire, torcendo para que eles tenham um final feliz.

Certamente, a parte mais interessante da obra criada é que não se tratam de 796 páginas só de romance. Existem sim as partes amorzinho, partes safadas e românticas. Porém, não é só isso. A história é extremamente movimentada e agita, acontecendo algo chamativo a cada dez páginas.


“- Isso nunca para? O desejo de ter você? – Sua mão acariciou meu seio. – Mesmo quando acabo de sair de você, eu a desejo tanto que sinto um aperto no peito e meus dedos doem querendo tocá-la outra vez.
Segurou meu rosto no escuro, com as duas mãos, os polegares acariciando os arcos das minhas sobrancelhas.
– Quando a seguro com as duas mãos e a sinto tremer assim, esperando que eu a possua…Meu Deus, quero lhe dar prazer até você gritar sob mim e abrir-se para mim. E quando tiro de você meu próprio prazer, sinto como se tivesse lhe dado minha alma junto com meu corpo.”


As pessoas costumam a dizer que Outlander é o livro das coisas ruins. E é verdade. Muita coisa ruim acontece ao longo das páginas, mas muita coisa boa acontece também. Diana conseguiu criar um casal perfeito, que é impossível não se apaixonar por eles. Suas personalidade são únicas e consideradas como ideias, e o amor vivido entre eles é capaz de conquistar e fazer reacreditar na força do sentimento.
De todos os livros que já li, ele se encaixa entre um dos melhores, e o casal principal é o meu favorito. Como se já não bastasse tudo isso, é a obra que mais me desperta confiança e esperança em um amor tão puro capaz de suportar todas as “desgraças” da vida e ainda continuar de pé, e com a mesma intensidade. Uma vez que Claire e Jamie passaram pelo INFERNO – vermelho e negrito para dar ênfase – e continuaram a se amar cada dia mais.
A escritora conseguiu criar um mundo novo, completamente apaixonante. Apesar de ser um clichê reforçado, a história é surpreendente e os personagens são encantadores. É algo que desperta tudo no leitor, desde tristeza à mais pura felicidade, transformando membros da história e o leitor em uma grande família, posto que são pessoas que você admira e deseja toda a felicidade do mundo.
E depois de ficar tanto tempo no universo de Outlander, sofrendo com Claire e Jamie, dá até certa tristeza em ter que sair de lá e ter que se aventurar em um novo mundo literário, em que eles não estarão mais presentes.
Sei que minha resenha ficou bem grande, e agradeço profundamente a todos que continuaram até o final. Leiam e assistam essa saga. É impossível não se apaixonar, e por mais que eu passasse horas descrevendo motivos que são mais que suficientes para se aventurar, acho que vocês devem conhecê-la por vontade própria e se apaixonar pelo seu próprio olhar, ignorando qualquer indução que eu possa ter provocado.
Já para aqueles que leram ou assistiram a série, vocês não estão sozinhos. E a cada dia, Jamie e Claire conquistam mais admiradores.
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