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Resenha | The Kiss of Deception - Mary E. Pearson

19:00Ayllana Ferreira

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FICHA TÉCNICA

Nome: The Kiss of Deception
Autora: Mary E. Pearson
Páginas: 384
Gênero: Romance | História | Fantasia
Ano: 2016
Editora: Darkside Books
Sinopse: Plante ilusões e você colherá do mundo grandes decepções
A força feminina é a grande estrela neste romance de Mary E. Pearson. Tudo parecia perfeito, um verdadeiro conto de fadas – menos para a protagonista dessa história. Morrighan é um reino imerso em tradições, histórias e deveres, e a Primeira Filha da Casa Real, uma garota de 17 anos chamada Lia, decidiu fugir de um casamento arranjado que supostamente selaria a paz entre dois reinos através de uma aliança política. O jovem príncipe escolhido se vê então obrigado a atravessar o continente para encontrá-la a qualquer custo. Mas essa se torna também a missão de um temido assassino. Quem a encontrará primeiro?
O primeiro volume das Crônicas de Amor e Ódio evoca culturas do nosso mundo e as transpõe para a história de forma magnífica. Através de uma escrita apaixonante e uma convincente narrativa, o romance de Pearson é capaz de mudar a nossa concepção entre o bem e o mal e nos fazer repensar todos os estereótipos aos quais estamos condicionados. É um livro sobre a importância da autodescoberta, do amor e como ele pode nos enganar, e de uma protagonista em busca de sua liberdade e felicidade a qualquer custo.


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Escrito por Mary E. Pearson, e publicado no Brasil pela editora Darkside Book, The Kiss of Deception recebeu o prêmio YA de melhor ficção um ano após o seu lançamento. Mas não é por menos, a obra de Pearson invoca um universo novo, capaz de romper com vários estereótipos sobre o bem e o mal, além de ser um romance de época, que não é bem romance, e uma fantasia, que não é somente uma fantasia rs’. Confuso, eu sei, mas é bem isso. Mais para frente irei explicar o que quero dizer, prometo!

Narrado em três perspectivas diferentes, o livro conta a história da Princesa Lia, de Morigthon, do Príncipe prometido, e do assassino contratado para cortar a garganta daquela. A obra inicia no dia do casamento da garota com o príncipe. Insatisfeita com as tradições que lhe obrigavam a casar com um homem que não conhecia, e nem ao menos sabia como era, a heroína decide fugir de casa, e ir em busca de sua própria história. Na nova terra, ela seria quem quisesse, sem o peso de um título que a obrigava a ser alguém que não queria, e de ter um destino que não desejava.
É logo após a fuga da nobre que a narrativa realmente começa (não se preocupem, isso é beeeem no início). De um lado, o príncipe p-u-t-o por ter sido deixado no altar, disposto a fazer qualquer coisa para encontrá-la, e no outro, um assassino de aluguel impiedoso, contratado para dar um fim a sua vida. Semanas se passam, e o destino faz com que o caminho dos três personagens se cruzem. Eles se reúnem no mesmo local e no mesmo momento, mas sem terem a consciência “do que estão enfrentando” (os dois homens sabem quem é a princesa, mas desconhecem “o rival”). O “clima de suspense” é o principal ponto que torna a trama de Pearson tão espetacular: dois nomes e dois estranhos misteriosos, Kadan e Rafe, cabendo ao leitor descobrir quem é quem.  É no meio para o final que a identidade desses é revelada, todavia, é apenas no final que conhecemos “a verdade de cada um”.
Depois do “primeiro encontro”, ambos os rapazes se “encantam” pela mocinha. Ela é muito mais que uma princesa fútil e indefesa. Particularmente, a minha fase de gostar de triângulos amorosos já passou, porém, abro uma exceção para esta história. De um lado, o misterioso e apaixonado Rafe, do outro, o bondoso e encantador Kaden, e no meio disso tudo, a corajosa Lia tentando descobrir quem realmente é.
Por mais que pareça uma história de romance tradicional, o romance em si é pouco desenvolvido, e acredito que de certa forma, isto foi “um erro”. As cenas de amor são pouco exploradas, e em alguns momentos, até mesmo meio “escondidas demais”. Senti falta de descrições, diálogos, e cenas fofinhas para um livro que é classificado como romance.
Com relação a escrita da autora, isso sim foi um acerto. É diferente de tudo aquilo que eu já li, uma vez que o próprio texto corrido exalta criatividade e inovação. É nítido a cada página as escolhas e artimanhas utilizadas por esta para criar e desbravar uma história tão espetacular e surpreendente. A escrita em si é meio diferente, posto que as palavras utilizadas não são comuns, o que pode provocar certo susto nos olhos desacostumados. Contudo, logo após o choque inicial, já nos apaixonamos com tais peculiaridades, e nos encantamos pela “personalidade” da escritora, e seu estilo.
Galera, foca no talento: além de criar um livro com uma história criativa e única, dotada de uma narrativa surreal, Pearson conseguiu lapidar muito bem todos os seus personagens. Mesmo sendo clichês de romance, ela trabalhou com personalidades completas e complexas, dotados de camadas. E cara, eu amo isso, sentir um tom de realidade (pessoas plausíveis de existir) em meio a narrativas fantasiosas.
O início da história é meio parado e cansativo. No começo, a protagonista é difícil de aturar, sendo o clássico caso da menina danoninho que não sabe fazer nada, e precisa sempre de alguém para protege-la. Ela é sim corajosa e audaciosa, mas, para que serve tudo isso quando a dona de tais características não sabe se defender, e se enquadra no quesito “princesa em cima da torre que precisa ser resgatada”?! E cá entre nós, nos tempos atuais em que temos mulheres fortes e empoderadas, esta visão estereotipada de mocinha indefesa já está batida demais. Sendo sincera, isso me desanimou, ainda mais por eu estar acostumada com outros tipos de heroínas (até mesmo para histórias de época). Mas, ao longo das páginas, tudo muda radicalmente. A vida exige que a garota cresça e se torne forte. Ela dá à volta por cima, e demonstra um lado completamente contrário ao revelado anteriormente.
Eu comecei o livro detestando a Lia, e terminei amando-a. Eu adorei ver o crescimento da personagem em tão poucas páginas. Pearson, você arrasou, querida! Criou uma personagem única, cheia de personalidade, e disposta a fazer qualquer coisa para proteger as pessoas que ama. Amado leitor, a princesa é incrível!
Além dela, Kaden e Rafe também são personagens encantadores, e dignos de participarem de uma obra tão completa. De início, eu odiei o Kaden e me encantei pelo Rafe. Achei o primeiro forçado demais, enquanto o segundo era ideal. Ao longo das páginas. a minha opinião mudou completamente. O Kaden se tornou o meu personagem favorito, eu comecei a ver nele “verdades” que eu não havia visto antes, e um ar meio misterioso. A sua sinceridade e ternura são encantadores. Ele é um personagem real, um homem comum, com erros e defeitos. Foi um achado, e, literalmente, uma joia bruta que vai produzir um Diamante maravilhoso ao longo da saga Crônicas de Amor e Ódio. Enquanto isso, apesar de encantador e romântico, o Rafe é de certa forma previsível, e comum demais.
Com relação à história da obra, só me resta elogios. Acredito que mesmo com a ausência das cenas de romance, e de um pouco mais de fantasia – parece que a fantasia mesmo irá começar no segundo livro -, a autora soube aproveitar tudo o que foi proposto, e deixar um gostinho de quero mais no leitor. Os personagens são surpreendentes, o cenário de fundo é encantador, e a mitologia de fundo é super-interessante. Eu esqueci de falar um ponto fundamental; um dos motivos que fizeram com que a Lia fosse obrigada a se casar foram as suas “habilidades de primeira filha”. Na história da história (bem isso mesmo), as primeiras filhas possuem dons especiais, e seriam encarregadas de proteger seus povos, e “leva-los para a salvação”. Ou seja, poderes + romance de época + ficção = perfeição.
E para finalizar com chave de ouro uma história que foi por si só uma preciosidade, Pearson conseguiu criar uma conclusão espetacular. Cara, que PUTA final. Além de organizar magistralmente todos os acontecimentos para que levassem àquele momento, ela criou algo surpreendente e fantástico, que consequentemente, obrigasse o leitor a querer saber mais.
Por fim, é NECESSÁRIO comentar sobre a edição da Darkside. Quê isso Darkside, não faz isso comigo não!!! Sério gente, a edição do livro é estonteante. Assim como Menina Má, The Kiss of Deception é maravilhoso, e repleto de detalhes que tornam a experiência de leitura ainda mais completa. No verso da capa, tem um mapa da região que ilustra a trama. No início de cada capítulo, trechos “dos mandamentos” de Gaudreel que estão relacionados à mitologia desta. Até mesmo as capitulares condizem com o estilo da história. É amor demais para um livrinho só, e novamente, devo enfatizar que SÓ ME RESTAM ELOGIOS. Como leitora, me sinto encantada em ver tamanho carinho da editora em produzir algo tão bem-feito. É muito bom sentir que eles realmente querem nos agradar, e que estão dispostos a produzir a melhor experiência de leitura possível. Parabéns, Darkside Books, como sempre, vocês arrasaram!

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