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Resenha | Prometida - Carina Rissi

19:21Ayllana Ferreira


FICHA TÉCNICA

Nome: Prometida
Autora: Carina Rissi
Páginas:472
Editora: Verus
Sinopse: "Elisa Clarke anda um pouco entediada. Seus dias parecem iguais e os bailes há muito deixaram de trazer algum prazer a ela. Não que seja uma surpresa, pois sempre que ela está presente os eventos se tornam um desastre! E é injusto, já que ela foi uma boa moça a vida toda. Nascida em uma das famílias mais influentes, a jovem aprendeu desde pequena a respeitar as normas sociais e se manter longe de escândalos. Na única vez em que ignorou uma dessas regras acabou noiva. E foi apenas um beijo, ora bolas!
Um beijo com o qual Elisa fantasiou desde que conheceu e se apaixonou irrevogavelmente pelo belo e gentil jovem médico e que, como acontece nos contos de fadas, mudou sua vida para sempre. Mas não da maneira que ela esperava. Como consequência, agora está prometida a alguém que a despreza tanto que preferiu viver em outro continente. Tudo o que ela deseja é que as coisas permaneçam assim.
Mas Elisa não sabe que seu noivo está a caminho do Brasil, e ela terá de enfrentar o homem cujo coração um dia se viu forçada a partir.
Destinados a ficar juntos, mas separados por seus corações, eles se envolverão em uma sinuosa dança marcada por segredos, mágoas do passado, intrigas e uma arrebatadora paixão que colocará em perigo não apenas seus sentimentos, mas a vida de ambos."


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“Não pude evitar de sorrir. Ele me dava o presente mais bonito de todos Creio que o amor seja feito disso: liberdade. Todos os dias ter diante de si inúmeras alternativas, mas acabar fazendo sempre a mesma escolha. Eu o escolhi. Escolhi no passado, escolhia agora e escolheria no futuro”. (p. 405)

Se apaixonar por um livro (pela história) é como se apaixonar por uma pessoa. Você o guarda em sua estante, namorando-o constantemente. Às vezes, relê alguns trechos que te marcaram e suspira ao se lembrar da primeira vez em que leu. Quando o assunto é papo em uma conversa, não existe outro além de seu amor, e na maior parte do tempo, você fica falando sobre suas qualidades, e o porquê de ser o melhor para você. Como se já não bastasse tudo isso, você ainda quer saber de tudo, todos os detalhes, e tudo que está acontecendo com todos que o compõe ou já compuseram. Tá, talvez seja um relacionamento meio obsessivo euauhe.

Parando de enrolação, hora de focar. Depois do sucesso de Destinado e de seu final mais que bombástico – terceiro livro da saga Perdida da Carina Rissi -, algumas perguntas ficaram no ar e claro, certos questionamentos se tornaram praxe: “se Ian havia ganhado um livro para retratar o seu felizes para sempre, porquê Elisa Clarke não tinha tido a mesma sorte?”. É mesmo! Ela merecia, sempre foi um personagem instigante e carismático, além de ter se transformado no xodozinho de muitos leitores. Por quê não?

Não sei bem se foi por lamento dos fãs ou vontade mesmo, mas a incrível Carina Rissi transformou esse sonho de muitos leitores em realidade: um livro para contar a história da fofíssima Elisa Clarke. E o mais estranho que mesmo com personagens tão legais, o resultado não foi tão bom quanto o esperado.

Lucas foi embora, puto da vida com a menina levando consigo um coração partido – tanto seu quanto o dela. Anos se passaram retornar, ele está mudado. Não é mais o jovem doce e gentil de outra vez, confiante no amor. Já Elisa, acredita que sua “vez de amar” já passou. Será que o amor entre os dois seria capaz de superar tudo?

Basicamente, é essa a grande pergunta que permeia o quarto livro da saga e o torna de certa forma decepcionante. Como todos os romances clichês e com pouco conteúdo (sem ofensas), o livro mostra acertos e desacertos que poderiam ser resolvidos como um simples diálogo, e cerca de 20 páginas.
O início da obra é literalmente o início, como tudo começou. Elisa havia voltado da aventura no século XXI e ouviu do padre que eu não lembro o nome sobre as acusações de bruxaria que Sofia havia recebido graças ao seu jeito peculiar de ser. Temendo que as pessoas descobrissem a verdade e sua cunhada fosse parar na fogueira, a garota decide que ninguém mais saberia do segredo desta, não por sua boca. E isso incluí a sua suposta alma gêmea.

Para criar o grande problema da obra, Lucas continua sem acreditar nas explicações dos Clark’s sobre o desaparecimento da caçula, e a questiona constantemente sobre a verdade. Esta, temendo que seus sentimentos pelo rapaz se transformem em fraqueza e, posteriormente, ameacem o segredo da “irmã”, decide afastá-lo. Eu ainda não entendo porquê ela não disse para ele. Se o próprio Dr.Almeida que não tem nada a ver com a família guardou segredo, porque o moço que é doido com a mocinha faria algo?! Mas enfim, os meus questionamentos não mudam nada da história.

A única maneira para conseguir isso seria atacar o ponto mais fraco da maioria dos corações apaixonados, a confiança. Nada melhor que um amante imaginário para afastar qualquer amante futuro. É claro que ela opta por esse caminho e o herói fica inconformado e extremamente ferido. Assim, como uma forma de vingança, ele decide manter o noivado entre os dois e passar um tempo na Europa, tanto para esquecer Elisa, quanto para fazê-la sofrer e mostrar que não precisa dela.

Após muita ladainha, infelicidade da mocinha e mimimi, o que totaliza 3 anos, Lucas retorna. Os anos foram bons na medida que foram cruéis. O galã havia ficado mais bonito e se tornado um bom médico, em contraponto, o amor que antes era tão puro foi transformado em ódio graças ao coração partido. Como todo bom romance, a aparência é só uma casca, e mesmo com tantos sentimentos ruins entre eles e uma vontade enervante de um dos lados de causar mal ao outro, os dois começam a se apaixonar novamente. Porém, os velhos fantasmas sempre aparecem para assombrá-los, sempre estragando o momento de reconciliação entre os dois e ressuscitando a velha desconfiança.

De todos os livros da Carina certamente, este é o mais enrolado e o que eu menos gostei. Depois do retorno de Lucas, uma série de flashbacks desnecessários começam a aparecer em demasiado, ocorrendo até mesmo caso de repetições de cenas do anteriores que não são necessárias ou pertinentes. Resultado: uma sensação de encheção de abobrinha para preencher espaço.

E a história da Elisa que antes despertava interesse, fica cansativa. Por mágica, o herói volta a amar a mocinha e decide mudar para não a perder. Ai não, comum demais. Não sei se é por causa do padrão Ian Clarke de qualidade, mas eu fiquei com uma leve antipatia do rapaz depois de tudo que ele fez com a Elisa.

“-Eu me dei conta, Elisa – prosseguiu - , de que jamais me perdoaria se você tivesse partido. Porque a culpa seria minha Eu a obriguei a sair de casa quando agi como um idiota Por muito tempo pensei que o pior tivesse acontecido: você entregou seu coração para outro homem. Mas hoje descobri que eu estava errado. O pior não é ter que conviver com esse ciúme que me corrói por dentro. – levou minha mão aos lábios e beijou demoradamente. – O pior seria ter que continuar vivendo em um mundo que você não existe.” P.291

Todo o drama/problemas que impediam o “felizes para sempre” da história foi baseado em: “Será que ele ainda pode me amar? / Ela está brincando comigo de novo?”. O próprio segredo da Sofia também era meio supérfluo para gerar tanto bafafa. Basicamente, acho que faltou conteúdo e aprofundamento nessa trama.

Acredito que a história da Elisa poderia ter sido melhor aproveitada e utilizada. Ela se tornou uma personagem relativamente chata ao longo das páginas, e o amor entre ela e Lucas não emplacou. Mas repito novamente, talvez o problema seja o padrão Ian Clarke de qualidade.

Não sejamos cruéis, também existem os pontos bons que devem ser ressaltados. Novamente, foi uma linda história de amor e superação. O tonzinho chick-list com o lado de humor envolvendo o casal protagonista são um dos pontos altos de Prometida, arrancando boas risadas. O Samuel também me encantou e, novamente, como uma apaixonada pela saga Perdida, quis saber como terminaria a história do garotinho – sempre desejo um “Felizes para sempre” para todos que me consquistam aeuhaheu.

Um ponto ameno que ainda não sei dizer se foi bom ou ruim foi a participação do Alexander. Foi um bom momento de reencontro, mas não acho que combinou com a proposta de Prometida, ficou parecendo um pouco de forçação de barra para atrair os fãs da franquia.

Comparado com os outros livros, Prometida é uma história decepcionante. Boas em vários pontos, mas fracas na maioria. Já comparada com livros comuns, a história é razoavelmente boa, e tenho certeza de que conquistaria alguns fãs. O jeitinho Elisa de ser é encantador, mesmo que mal aproveitado.


“Nunca procurei notoriedade. Jamais desejei fama ou ambicionei reconhecimento. Tudo o que eu queria era deixar algo meu no mundo, uma marca que provasse minha existência, que lhe desse sentido. E consegui isso, deixando minha marca em Lucas e Samuel, da mesma maneira que eles deixaram suas marcas em mim. Não é preciso ser um herói ou uma heroína e salvar o mundo todo. Basta mudar o mundo de alguém. Beca fizera isso por Lucas. E ele fizera o mesmo comigo. Transformara meu mundo irrevogavelmente. O mesmo acontecera com Sam. E talvez um dia alguém diga: “A Srta. Elisa Clarke Guimarães? Oh, sim! Que grande dama! Sabe arrematar um bordado como ninguém” Assim como sabe amar. Ninguém jamais se entrou ao amor como ela!”. Parecia um bom jeito de ser lembrada.” (p. 469)

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